Sobre

Apresentação

Em comum com muitos organistas, a minha atracção pelo órgão desenvolveu-se desde muito cedo, essencialmente devido à sua imensa capacidade, amplitude e variedade de cores, a que se juntaram um enorme fascínio pela mecânica, ciência e arte capazes de oferecer oportunidades quase infinitas de interpretação e criatividade.

Para este crescente interesse no órgão contribuiu o facto de ter iniciado os meus estudos musicais nos confins eclesiásticos da música sacra, área em que a minha vida está indelevelmente enraizada. No entanto, sinto-me igualmente à vontade em salas de concerto, aproveitando as oportunidades oferecidas por outros tipos de reportório e desfrutando do desafio e prazer de ter acesso a uma enorme variedade e heterogeneidade de instrumentos, tanto em grandes espaços, bem como em instrumentos mais modestos em ambiente mais íntimo. É toda esta diversidade, esta descoberta permanente e adaptação constante a novas realidades que mais me apaixona.

Participar em eventos internacionais alimenta mais um dos meus grandes prazeres: viajar e conhecer pessoas, apreciar as semelhanças e diferenças das culturas que compõem nosso mundo, mas sempre com o mesmo objectivo: extrair de uma grande e desafiadora quantidade de tubos a melhor experiência sensorial e sonora que este instrumento pode proporcionar.

Nunca me esquecerei de uma noite fria de dezembro de 2012, quando dei um recital na Catedral de Westminster, em Londres. Desconhecido ainda para mim na altura, Dame Gillian Weir preparava lá o seu recital de final de carreira no dia seguinte. Quando subi à tribuna do órgão, encontrei um gentil bilhete manuscrito, pedindo para eu deixar intactas as memórias de registação indicadas depois de terminar. Uma bela demonstração da confiança e do esprit de corps que desejavelmente deve existir entre organistas e que pugno por imitar.

Biografia

João Santos é licenciado em Música Sacra pela Escola das Artes da Universidade Católica Portuguesa – Porto, onde estudou com Luca Antoniotti (Órgão), Eugénio Amorim (Composição e Direcção de Coros), Cesário Costa (Direcção de Orquestra), Anselm Hartmann (Piano), entre outros. 

Tem-se destacado nas áreas de Órgão e Composição, tanto a nível nacional como internacional, contactando com célebres organistas como T. Jellema, W. Zerer, M. Bouvard, J. Janssen, F. Espinasse, O. Latry, D. Roth, L. Scandali, entre outros. 

Participou nos prestigiados concursos internacionais de órgão e efectua regularmente concertos por todo o país e estrangeiro, de onde se destacam a Catedral de Westminster (Londres), o Orgelfestival Rhür (Alemanha), a Catedral de Notre Dame de Paris, o St. Christoph Summer Festival (Vilnius), entre outros. Foi solista com a Orquestra Clássica da Madeira durante o Festival Internacional de Órgão da Madeira, 2014, e tem trabalhado com grande parte das orquestras nacionais.

Como compositor, obras suas têm sido reconhecidas internacionalmente, culminando com a publicação de algumas obras. A sua transcrição para seis órgãos do Allegretto da 7ª Sinfonia de L. Van Beethoven arrecadou o primeiro prémio no concurso internacional de composição “Órgãos de Mafra”, 2017. Em 2019, na edição seguinte deste mesmo concurso, obteve o primeiro prémio na Categoria A com uma obra original intitulada Magnificat, para seis órgãos. Recentemente, tem recebido diversas encomendas de composição para variadas áreas e efetivos, nomeadamente festivais de música e para a liturgia.

Harmoniumista em formação, João Santos desenvolve desde 2020 uma pioneira investigação sobre o harmónio em Portugal, com enfoque especial no “Harmonium d’Art”. Com o intuito de operar o renascimento deste instrumento no nosso país, cria em 2023 o “fort’Expressivo, atelier de música”, cuja coleção que conta já com a presença de um “Orgue Expressif” Mustel de 1899.

João Santos é acompanhador do dueto de contratenores ENCANTO, com quem apresenta uma regularidade de concertos por todo o País, bem como em inúmeras digressões no estrangeiro, nomeadamente França, Suíça, Brasil, Estados Unidos, Bélgica, Inglaterra, Alemanha e Eslováquia.

De 2010 a 2018, João Santos foi organista titular do Santuário de Fátima. Desde 2018, é membro permanente da equipa de organistas responsáveis pelos concertos a seis órgãos na Basílica do Palácio Nacional de Mafra.

Dirige o Coro Carlos Seixas (Coimbra) desde a sua fundação e é organista titular da Catedral de Leiria desde 2007.  

Prémios e distinções

2020, obra selecionada – Call Nuova Musica Corale per la Liturgia SIMC2020
2019, 1º prémio, Prémio Internacional de Composição Seis Órgãos do Palácio Nacional de Mafra, Categoria A
2019, Finalista, Japan Internation Choral Composition Competition
2019, Menção honrosa, 1º Prémio de Composição Pedro de Araujo, Braga
2017, 1º prémio, Prémio Internacional de Composição Seis Órgãos do Palácio Nacional de Mafra, Categoria B
2014, Finalista, Musica Ficta Internacional Competition for Choral Composition, Itália
2010, Finalista, Simon Carrington Chamber Singers Composition Competition, EUA
2010, Meia-final, Paul Hofhaimer Organ Competition, Austria
2009, Meia-final, Silbermann Organ Competition, Alemanha
2007, 2º prémio, Concurso Nacional de Órgão do IGL
2007, 1ª fase, International Schnitger Organ Competition, Orgelfestival Holland, Países Baixos
2004, 1º prémio, Concurso de Composição Maestro Silva Dionísio, INATEL
2002, 3º prémio, Concurso de Composição da Associação de Coros da Área de Lisboa

Composição

[Mais relevantes]

2022, Intimidade, para soprano e ensemble de sopros
2022, Se o amor quiser voltar, canção para soprano, tenor e teorba
2021, Diptyque Mariale, para ensemble vocal e órgão
2020, Quadros Pedagógicos para uma Escola, para diversas formações escolares
2020, Verso, para ensemble vocal e órgão | ava202141 | (premiere)
2019, Magnificat, para seis órgãos | (premiere)
2019, Nativity Poem, para banda de concerto
2019, Interchange Suite, para trio de sopros (Fl, Ob, Sax)
2019, Regina Caeli, para coro masculino e órgão
2018, Magnificat VII toni, para ensemble vocal a cappella | ava181856
2017, Allegretto, L. v. Beethoven (transcrição para seis órgãos) | (premiere)
2011, Jesu Dulcis Memoria, para ensemble vocal a cappella | Edition Ferrimontana 3882
2011, Triptych, para ensemble vocal a cappella | Edition Ferrimontana 3883
2002, Alli Lejos, para coro misto | Cancioneiro Antológico II, ACAL (2008)

Composição para liturgia

[Mais relevantes]

2023, JMJ Lisboa, salmo Povo do Senhor (M. Luís), para orquestra sinfónica | missa de abertura
2023, Nós somos as pedras vivas (F. Santos), arranjo | Salicus 14
2023, Somos a Igreja de Cristo (M. Faria), arranjo | Salicus 14
2022, Nós vimos a sua estrela (F. Santos), arranjo | Salicus 12
2022, Virão adorar-vos, Senhor (M. Luís), arranjo | Salicus 12
2021, Missa dos Arcanjos | Salicus 11
2021, Na fria lapinha (F. Silva), arranjo | Salicus 10
2021, Nasceu-nos um Salvador (M. Silva), arranjo | Salicus 10
2020, Maria, fonte da esperança (M. Luís), arranjo | Salicus 9
2020, Tomai e recebei (H. Faria), arranjo | Salicus 8
2019, Eu sou o pão da vida (B. Sousa), arranjo | Salicus 7
2018, Recebemos do Senhor (M. Luís), arranjo | Salicus 5
2018, Formamos um só corpo (C. Silva), arranjo | Salicus 4
2018, O Senhor vos abençoe (M. Luís), arranjo | Libellus 7
2016, Ditosa Virgem sois vós, Maria | Libellus 6
2015, Eis a escrava do Senhor (C. Silva), arranjo | Libellus 4
2015, Eu sou a verdadeira vide (C. Silva), arranjo | Libellus 3
2014, Cantemos à porfia (C. Silva), arranjo | Libellus 2
2014, Bebei, se tendes sede (C. Silva), arranjo | Libellus 1

Discografia

2005, Santo Agostinho: o cantor da sede de Deus (CD2)
Coro SAMP
João Santos, órgão
Jorge Narciso, direcção
(Summa Augustiniana de João Santos)

2007, Avé Maria
Luís Peças, contratenor
João Santos, órgão e teclados

2010, Um coração bonito
Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima
Alberto Roque, saxofone
João Santos, órgão
Paulo Lameiro, direcção

2013, Avé Fátima
Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima
João Santos, órgão
Rita Pereira, assistente de direcção
Paulo Lameiro, direcção

2021, Dois Séculos de Música
Órgãos do Concelho de Mafra (Triplo CD)
CD1
Sérgio Silva, André Ferreira, João Santos, Margarida Oliveira, Diogo Pombo, Daniela Moreira, órgãos
(Allegretto da 7ª Sinfonia de Beethoven, transcrição para seis órgãos de João Santos)